Lá em cima

A centenas de degraus acima do nível do chão, consegue-se uma daquelas vistas inesquecíveis. Daquelas que quando se chega se esbugalham os olhos e se abre o sorriso para quem quer que esteja ao lado, conhecido ou não. Mas, ainda nem o coração desacelarou dos 414 degraus, já as máquinas disparam em todas as direcções. Eu acho que a maioria nem olha porque a preocupação está no clic. Mas eu, depois de tanto olhar para tectos, abóbadas e paredes vertiginosas, desfrutei de um belo tempo lá em cima a observar o mundo cá em baixo e perceber a sua escala real - a de uma formiga.
Claro que também fotografei, até porque, sem máquina apontada ao horizonte somos como que desocupados, ou seja, o alvo perfeito para fotografar o vizinho do lado que sorri para nós e diz "please" ao mesmo tempo que o seu indicador nos dá instruções precisas sobre o que há a fazer. Disparei uma meia dúzia de botões alheios e mais uns tantos meus.
Apercebi-me também que o fenómeno das declarações de amor públicas têm ali um cenário previlegiado. Muitos nomes e corações são riscados mas paredes, mas há também quem arrisque selar o compromisso de forma original. As alturas inspiram, foi a minha conclusão.

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